A nova era da globalização que vivemos trouxe muitas mudanças e a adoção de termos em inglês para algo que em português era bastante corriqueiro, só para que ficasse mais posh ou hypster foi uma delas, por isso… fiquem a conhecer o House Flipping, ou como certamente já estão cansados de conhecer, Remodelação e Revenda.
O imobiliário sempre foi dos ramos económicos mais lucrativos e, por consequência, todas as atividades ligadas ao sector, tal como a construção e as suas derivações.
Com a falência de muitas das empresas do sector, na época do subprime, e com a moda emergente do empreendedorismo, criou-se a miragem de que todos podem criar fortuna se encontrarem uma verdadeira pechincha, “remodelarem” com 10.000€ – i.e., pintar com tinta “bem diluída”, trocar puxadores e colocar piso que só dê para andar descalço -, e revenderem por mais 100.000€. E se fosse realmente assim, quem não queria?!
“Com a falência de muitas das empresas do sector, na época do subprime, e com a moda emergente do empreendedorismo, criou-se a miragem de que todos podem criar fortuna se encontrarem uma verdadeira pechincha.”

Mas tudo tem um custo… estas remodelações por quem é curioso inundaram o mercado imobiliário de imóveis com modificações estruturais dúbias, tal como as instalações técnicas e os acabamentos, todos eles escolhidos em prol do custo e com o parecer “técnico” de quem comercializa os produtos, sem nunca se lembrarem que há normas técnicas e verificações que devem ser cumpridas e asseguradas por quem é realmente responsável e capacitado para o fazer.
Arquitetos, engenheiros projetistas, especialistas em reabilitação, etc., um sem número de conhecedores que podem, e devem, ser utilizados quando se idealizam as intervenções, muito antes dos trabalhos serem executados, e não após como remendo, como habitualmente é costume.
Com isto não quero dizer que o mercado não tem espaço para os empreendedores da remodelação e revenda, muito pelo contrário – há espaço para eles – mas, como em qualquer atividade, que primem por se informarem, estudarem e utilizarem os recursos e técnicos existentes antes de fazerem algo que não só não oferece qualidade, apenas aparência, como pode colocar em causa a segurança de quem o compra.



